quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Não subestime o poder da nova classe média digital brasileira

Seu produto ou serviço tem como alvo a classe média? Então está mais do que na hora de reavaliar suas estratégias de negócio.
Para obter sucesso com esse público – que hoje responde por mais da metade da população e está impulsionando o crescimento da economia não só no Brasil, mas em toda a América Latina -, os investimentos, principalmente em marketing, precisam migrar de forma mais consistente para as mídias digitais.
Isso deve ao fato de que a mídia tradicional já se mostra ineficiente se utilizada de modo isolado, ao passo que as mídias digitais ganham importância estratégica para os mais variados setores.

Pesquisa
Segundo estudo realizado recentemente com famílias da classe média no Brasil, na Argentina e no México, o meio digital desempenha um papel central na vida da chamada Nova Classe Média Digital, que representa 63% dos 28 milhões de lares brasileiros que possuem computadores.
Esse público usa as tecnologias digitais e móveis para fazer mais do que se socializar e comunicar – a maioria utiliza o digital para ter acesso às oportunidades educacionais e empresariais. Como resultado, o digital tem papel de destaque na vida dessas famílias que, em 2010, adquiriram 9 em cada 10 computadores vendidos no Brasil.
Os aparelhos que permitem acessar a Internet já estão presentes em 66% dos lares da Nova Classe Média Digital. Esses dispositivos se dividem em desktops (40%), laptops (3%) e celulares com acesso à Web (23%).
Apesar de praticamente todas as residências contarem com televisores, esse equipamento deixou de ser o centro das atenções. Dos 3,7 milhões de pessoas que pretendem comprar um computador, 57% pertencem à classe média. E mais: 42% dos usuários da Internet fazem parte dessa faixa da população, número que cresceu 44% em seis anos.

Perfis de usuários
O mais interessante é que essa pesquisa, que contou com a participação do Portal Terra, apontou que os usuários da classe média podem ser classificados em diferentes e peculiares perfis. Vejam:
* Digi-nativos
Há os chamados “digi-nativos”, que são pessoas jovens, nascidas na última década, que moram em grandes cidades e vivem conectadas permanentemente à internet, seja em suas casas ou em lan houses. Para eles, é impensável viver sem tecnologia. Eles têm acesso às diferentes tecnologias, como banda larga, celular com acesso à internet, além de videogames e jogos virtuais.
As famílias mais pobres atualmente dão aos filhos aparelhos de celular, utilizados não só para a comunicação, mas principalmente para música e jogos, com preferência para aqueles já instalados no aparelho ou que podem acessar via Bluetooth. Os “digi-nativos” se relacionam principalmente pela internet, estão sempre com seus perfis atualizados na rede e divertem-se nos meios digitais, que integram hoje sua rotina diária.
* E-ntusiastas
Já os “e-ntusiastas” são a geração focada na telefonia móvel, que tem baixo nível de escolaridade e cuja inclusão digital se dá por meio do celular e do acesso às redes sociais. Eles, contudo, têm também acesso cada vez maior ao computador e à Internet.
Para eles, a pouca escolaridade é a principal barreira, por isso as redes sociais como MSN e Orkut são a principal forma para buscar educação e de obter informações sobre as melhores oportunidades de trabalho. Para esse grupo, que trabalha arduamente durante o dia e estuda à noite, a tecnologia digital é o melhor meio, senão o único, de buscar a ascensão social.
* Alpinistas
Os “alpinistas” são o grupo formado por casais jovens, que trabalham e têm filhos e lidam com o desafio de educar com poucos recursos, buscando o caminho do empreendedorismo individual como forma de melhoria social.
Eles aproveitam iniciativas governamentais de redução de impostos para aquisição de computadores e abrem pequenos negócios, como lan houses em áreas periféricas, contando apenas com dois computadores inicialmente. Buscam microcrédito para iniciar um negócio e utilizam as redes sociais como canal de divulgação e vendas.
* E-desenvolvidos
Por sua vez, os “e-desenvolvidos” são os que já evoluíram a partir dos benefícios das tecnologias digitais. Já se beneficiaram da educação obtida pela internet para galgar um melhor posto profissional.
Muitos seguiram a carreira de Tecnologia da Informação e estão fazendo graduação ou pós-graduação nessas áreas. São os que mais gastam com tecnologia e educação. Não querem apenas ascender socialmente, mas ter uma vida melhor.
Trabalham em empregos relacionados à tecnologia ou nos quais utilizam as tecnologias como ferramenta de trabalho. Não são usuários fortes das redes sociais, pois buscam mais pesquisa e informação pela rede. Ainda assistem muito à televisão, mas se educaram digitalmente e têm melhor conhecimento, compreensão e leitura de textos na internet.
* Trabalhadores esforçados
Outro perfil é o dos “trabalhadores esforçados”. Em sua maioria, trata-se de moradores das favelas ou de moradias populares que conseguiram uma melhoria de vida nos últimos anos, em função do crescimento econômico. São os pais dos “e-ntusiastas”.
São originários de diferentes regiões do País, que migraram para as grandes cidades em busca de uma vida melhor, mas que trabalham em funções de baixa remuneração, como faxineiros e porteiros. Para eles, o celular, a televisão e a religião são o único meio de comunicação. Não usam computador, mas reconhecem o seu valor.
* Lutadores
Por fim há os “lutadores”, pessoas para as quais a tecnologia é muito cara, mas uma despesa necessária. Após uma longa jornada na pobreza, eles conseguiram um trabalho regular, que ajuda a pagar sua educação.
Ainda precisam desligar a geladeira para economizar energia, mas vêem os gastos com a internet como algo essencial para sua melhoria de vida. Muitos ainda não têm acesso à tecnologia, mas estão se preparando para adquirir um computador.
Atenção redobrada
Tudo isso – tendências comportamentais, expectativas e aspirações de consumo – só comprova o fortalecimento da classe média do que se refere às tecnologias digitais.
Está mais do que na hora das empresas acordarem para essa mudança e direcionarem seus esforços de vendas e de marketing para as várias ferramentas que compõem o mundo digital. Não subestime o poder da nova classe média digital.

Fonte: IDG Now!